quinta-feira, 1 de maio de 2014

O desenho dos rostos




Aqui são apenas traçados de rostos. 
Linhas líquidas, inventadas pelo gesto. 

Retratos? 
eu não diria. 

Copiar rosto já não faz mais sentido. 
Prefiro tentar descobrir o som deles. 
Descubro gargalhadas em linhas e sensações. 
Em dentes ou covinhas. 

Ouço também pupilas dilatadas. 
E lágrimas percorrendo os sulcos da face. 

Vejo gargantas urrando em sufoco. 
Observo suspiros de fúrcula. 
Vejo a carne em expressão. 

Em preto e branco, não mais ou menos. 
Na contradição. 

Em altos e baixos ou degradês necessários. 
Sem pose, com colarinhos engomados ou sorrisos embaraçados. 

Não importa. 
Não são retratos. 

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